As críticas chegadas ao “Extremo”
No passado Domingo, dia 25 de Janeiro, os cidadãos gregos
elegeram, como era de esperado, um novo governo formado pelo partido Syriza.
Não vou aprofundar muito sobre o conteúdo programático que o novo governo
pretende impor na política do seu país. O que tenho a dizer, essencialmente,
acerca disso é que, não querendo fazer grandes expetativas em relação ao que
pode ou não pode o Syriza trazer ao povo grego, uma vez que é um governo de
esquerda instalado num mundo e numa Europa neoliberal, o que é certo é que é
dos partidos com mais humanidade pelo seu povo, na Europa. É um partido que tem
coragem de dizer NÃO! Dizer “não” à chantagem alemã, dizer “não” à ditadura dos
mercados e dizer “não” ao poder económico-financeiro. Esta posição é bastante
importante e é de louvar. Em suma, é um partido que (pelo menos até agora) se
mostra preocupado com as necessidades reais do povo grego.
O rótulo que, desde há muitos anos, se tenta passar (falo
dos partidos do sistema, dos mercados, da troika, da comunicação social, e de
todos os meios de manipulação do povo) a partidos como o Syriza é o rótulo do
extremismo. Foi o que fizerem os mesmos comentadores do costume, os políticos
do dito “arco da governação”, entre outros. Alguns são mesmo capazes de colocar
no mesmo saco, estes partidos e os protagonistas da União Soviética (isso sim,
exemplo de verdadeiro extremismo, inegável a qualquer democrata convicto). Quem
conhece a História, quem se informa, quem obtém conhecimento (alternativo do
que nos dão, seja na escola, seja na comunicação social, etc.) sabe
perfeitamente distinguir as coisas e não se deixa manipular por rótulos.
Rótulos que apenas servem para instaurar o medo ao povo e não deixar que este
se desvie do pensamento do discurso dominante. Pensamento esse, que perpetua as
elites e, consequentemente, deixa os povos constantemente de mãos estendidas,
completamente conformados de que “é a vida…”. Na verdade, quem discorda do
discurso dominante é rotulado de extremista. Quem, por exemplo, tiver uma
posição crítica em relação ao capitalismo de mercado livre, estará
automaticamente a questionar a liberdade, em si só. Porém, a liberdade que o
liberalismo defende tem um grande defeito: não acaba quando começa a liberdade
dos outros; por outras palavras, a liberdade de um banco ou de uma
multinacional não acaba quando começa a liberdade de um cidadão. Mas, não nos
esqueçamos que o discurso dominante tende a proteger os interesses dos grupos
dominantes, ou seja, não há imparcialidade na atual ordem mundial. A própria
noção de economia tem sido deturpada, sobretudo nos meios académicos.
Se de facto, existe extremismo no Syriza, então temos que
chegar à conclusão que personalidades como Joseph Stiglitz, Amartya Sen,
Muhammad Yunus e Paul Krugman (que, aquando as eleições legislativas gregas,
referiu no The New York Times, que o
plano económico do Syriza é bastante mais realista do que o da troika e que só
peca por não ser ainda mais radical) são também extremistas por, imagine-se
terem ideias como erradicar a pobreza e aumentar o nível de igualdade entre os
povos, e consequentemente discordar do paradigma económico global (iniciado há
muitos anos, mas sobretudo com as reivindicações político-económicas de Tatcher
e Reagon).
Underground Soldier
(Bansky)
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