segunda-feira, 16 de março de 2015

Ética em tempos de crise
Parte 5

Hoje em dia talvez nem toda a gente reconheça que, ética, na sua raiz, determina a consistência do caráter de alguém. Ética é um conjunto de valores morais e princípios que norteiam a conduta humana na sociedade e serve para proporcionar um equilíbrio social. Não deve ser confundida com a lei, porém promove justiça social. A ética é construída com inspiração nos valores históricos e culturais. Cada sociedade e cada grupo possuem também os seus próprios códigos de ética. Posto isto, as crises não são nada mais nada menos que falhanços no cumprimento do contrato social pela deficiente observação dos princípios éticos. Uma saudável prática de valores éticos pode, contudo, teoricamente, anular os efeitos negativos das crises.

A ética terá então maior valor na sua aplicação em tempos de crise, se for uma ética mais fundamentada na razão que nos valores culturais e muito menos nos religiosos. Não pretendo referir-me aos valores culturais de forma redutora, mas demonstrar que num período histórico de crise torna-se necessário refletir racionalmente e determinar uma ética sólida que solucione problemas imediatos. Os valores culturais têm e terão sempre o seu lugar na regulação social, todavia, em contexto de crise, terão que passar para segundo plano. Ao mobilizarmo-nos rumo a uma ética assim postulada, damos um pequeno passo na pretensão de criar uma ética realmente justa e universal, que por sua vez irá unir a alteridade cultural global em volta de um paradigma comum.

Formulada de outra forma, em contexto de crise, a ética cultural poderá tornar-se até num mecanismo causador de desequilíbrios sociais, visto distanciar-se frequentemente da razão e focar-se na moralidade individual de apenas alguns dos seus membros e grupos sociais de um povo…

…que é o caso de Portugal.

Eduardo de Montaigne
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Parte 3
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(Rógerio Reis)


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