Parte 5
Hoje em dia talvez nem toda a
gente reconheça que, ética, na sua raiz, determina a consistência do caráter de
alguém. Ética é um conjunto de valores morais e princípios que norteiam a
conduta humana na sociedade e serve para proporcionar um equilíbrio social. Não
deve ser confundida com a lei, porém promove justiça social. A ética é
construída com inspiração nos valores históricos e culturais. Cada sociedade e
cada grupo possuem também os seus próprios códigos de ética. Posto isto, as
crises não são nada mais nada menos que falhanços no cumprimento do contrato
social pela deficiente observação dos princípios éticos. Uma saudável prática
de valores éticos pode, contudo, teoricamente, anular os efeitos negativos das
crises.
A ética terá então maior valor na
sua aplicação em tempos de crise, se for uma ética mais fundamentada na razão
que nos valores culturais e muito menos nos religiosos. Não pretendo referir-me
aos valores culturais de forma redutora, mas demonstrar que num período
histórico de crise torna-se necessário refletir racionalmente e determinar uma
ética sólida que solucione problemas imediatos. Os valores culturais têm e terão
sempre o seu lugar na regulação social, todavia, em contexto de crise, terão
que passar para segundo plano. Ao mobilizarmo-nos rumo a uma ética assim
postulada, damos um pequeno passo na pretensão de criar uma ética realmente
justa e universal, que por sua vez irá unir a alteridade cultural global em
volta de um paradigma comum.
Formulada de outra forma, em
contexto de crise, a ética cultural poderá tornar-se até num mecanismo causador
de desequilíbrios sociais, visto distanciar-se frequentemente da razão e focar-se
na moralidade individual de apenas alguns dos seus membros e grupos sociais de
um povo…
…que é o caso de Portugal.
Eduardo de Montaigne
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(Rógerio Reis)
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