Das fraquezas aos fracassos
Parte 1
A nossa existência,
independentemente das escolhas que façamos, é profundamente marcada pelas
nossas paixões e pelas nossas dúvidas. Todos trilham porém percursos
diferentes. O que nos distingue verdadeiramente é a nossa capacidade de nos
relacionarmos com os outros e compreendermos o nosso papel no mundo.
Antes de adquirirmos a nossa
identidade, temos inicialmente uma existência. Essa ideia garante a liberdade e
a responsabilidade do homem, pois existimos sem que sejamos pré-definidos.
Durante a nossa existência vamos experimentando novas vivências e redefinimos o
próprio pensamento e modos de agir. Adquirimos novos conhecimentos e
experiências, que são a matéria-prima que constrói a nossa própria essência e a
caracteriza. Esta particularidade de ser é fruto da liberdade que possuímos.
Ceder aos vícios e paixões como
forma de adquirir essência é também tipicamente humano. Falhar, é igualmente humano. Tem
sido no entanto a grande ferramenta que impulsiona a evolução. Se não
falhássemos e tudo evoluísse desprovido de erro, nunca nos tornaríamos
verdadeiramente humanos. Nunca saberíamos valorizar as nossas aprendizagens e
tornar-nos-íamos autómatos emocionalmente limitados.
Fracassar pode originar dois tipos de
comportamento:
Por um lado, podemos sentir-nos
angustiados e desistir de tentar evoluir. Por outro, motiva-nos a superar as
nossas próprias expectativas.
O que faz com que um ser humano
reaja de uma forma ou de outra está dependente de múltiplos fatores: A nossa
química cerebral, as nossas aprendizagens, os nossos valores, a necessidade
premente de sucesso, o mero acaso.
Podemos enumerar múltiplas razões
para justificar a adoção de posturas perante o fracasso, mas, de forma alguma,
devemos desvalorizar o fracasso como sendo intrinsecamente negativo. O fracasso
é sem dúvida um dos motores que impulsiona civilizações, é o que faz com que
exista necessidade de evolução. Se tudo o que fazemos fosse perfeito, não
teríamos chegado a ser a mesma espécie que reconhecemos hoje como humana.
O fracasso é frequentemente originado pelas
nossas paixões, todavia, o sucesso também o é. Não são as nossas paixões que
determinam a nossa evolução negativamente. Se essas paixões se constituem por
vezes como fraquezas, é na sua superação que encontramos o sentido da palavra
evolução.
Evoluir significa passar de um
estado a outro. Viver assim implica o fracasso como parte fundamental da
evolução. O que somos hoje não é mais que a soma de milhares de adaptações e
evoluções. Se não houvesse necessidade de evolução, a felicidade seria
divergente do conceito que dela temos agora.
Eduardo de Montaigne
(Théo Gosselin)
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