domingo, 11 de janeiro de 2015

Espaço do correspondente - Eduardo de Montaigne

Reflexão sobre a Angústia
Parte 3

A maioria de nós experiencia com cada vez mais frequência o chamado sentimento de depressão. O tal desequilíbrio químico que nos transforma em seres bipolares clínicos. Angústia e depressão não são a mesma coisa. A depressão clínica tem na sua origem fontes maioritariamente físicas, que aliadas a inadaptações mentais, tende a ser mais ou menos profunda. A angústia age no plano espiritual. Toda a origem da angústia reside na incompreensão da nossa natureza e lugar no mundo.
Não somos uma espécie privilegiada, somos uma espécie em mutação que se procura adaptar a tudo que aparece de negativo. O que nos torna únicos é a capacidade que temos em ver sempre o melhor em tudo.

O crime que cometemos como espécie escapa à minha compreensão. Não penso que estejamos a ser castigados por algum ser omnipotente e omnisciente. Se acreditarmos em certas teorias cosmológicas, estamos em cima de um pedaço de rocha que há muito se expandiu e explodiu. Contudo, ainda não chegamos ao nosso destino. Espero encontrar um Deus no final da viagem, caso contrário o castigo será dizer que foi tudo em vão. O mais natural vai ser deixar de existir antes de a nossa viagem terminar. Diz-me a lógica que o sol vai aumentar de volume, perder a sua massa, esfriar e transformar-se num buraco negro. Tudo vai morrer, e se não conseguirmos escapar até lá, tudo terá sido em vão. Onde estamos agora será apenas um lugar escuro e frio.

Pensar que o universo vai um dia acabar, seria suficiente para gerar angústia, por isso, entre outros paliativos existenciais, inventamos o tempo. O tempo só existe no contexto biológico/psicológico. Einstein afirmava: “Para aqueles de nós que acreditam na física, esta separação entre passado, presente e futuro é somente uma ilusão.”

É na mente do homem que existe o passado, o presente e o futuro. É lá que se encontram esses três tempos: o presente do passado corresponde à memória; o presente do presente corresponde à intuição; o presente do futuro corresponde à esperança. O tempo vivido é a expressão do drama da condição humana. A noção de tempo difere entre pensadores. Para mim é uma ideia tão fácil de definir como o amor. Contextualizar a realidade é uma necessidade humana. Fazemo-lo para nos conseguimos referir às coisas. Só assim a realidade adquire algum significado para nós. Em termos universais, o tempo assume proporções radicalmente diferentes das que assume em termos individuais e pessoais. Na génese do universo, cem anos é um suspiro, todavia, na génese de um ser humano, é uma longa espera onde tudo pode acontecer, inclusivamente dar sentido à nossa existência.
Graças à física quântica e à lógica, podemos explicar de forma científica e simples o funcionamento da realidade. Basta saber que todo universo conhecido é composto por átomos, e os átomos não são sólidos. Os eletrões orbitam em volta do núcleo mas nunca se tocam, repelem-se. O que sentimos não são mais que impulsos elétricos que cruzam o nosso sistema nervoso em direção ao cérebro.

Toda a realidade física tem 3 dimensões e corresponde ao espaço. Altura, largura e profundidade. São 4 se contarmos o tempo. Tudo é percebido pelos nossos 5 sentidos, que por sua vez, proporcionam sinais elétricos interpretados pelos nossos cérebros. Um bom exemplo são as imagens que vemos no computador, criadas a partir da interpretação de códigos binários. Como podem meros números criarem digitalmente tudo que vemos? Só é possível porque a mente humana é programada para reproduzir padrões, a realidade digital é uma réplica mais ou menos análoga à realidade que chamamos de física. Sendo assim, podemos afirmar que tudo que ocupa espaço é parte de um código. Os nossos corpos são um conjunto de códigos. Esse conglomerado de códigos está contido numa chave biológica chamada ADN, o nosso código genético.

Eduardo de Montaigne

Reflexão sobre a Angústia
Parte 1
Parte 2


(Synchrodogs)

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