Reflexão sobre a Angústia
Parte 3
A maioria de nós experiencia com
cada vez mais frequência o chamado sentimento de depressão. O tal desequilíbrio
químico que nos transforma em seres bipolares clínicos. Angústia e depressão
não são a mesma coisa. A depressão clínica tem na sua origem fontes
maioritariamente físicas, que aliadas a inadaptações mentais, tende a ser mais
ou menos profunda. A angústia age no plano espiritual. Toda a origem da
angústia reside na incompreensão da nossa natureza e lugar no mundo.
Não somos uma espécie
privilegiada, somos uma espécie em mutação que se procura adaptar a tudo que
aparece de negativo. O que nos torna únicos é a capacidade que temos em ver sempre
o melhor em tudo.
O crime que cometemos como
espécie escapa à minha compreensão. Não penso que estejamos a ser castigados
por algum ser omnipotente e omnisciente. Se acreditarmos em certas teorias
cosmológicas, estamos em cima de um pedaço de rocha que há muito se expandiu e
explodiu. Contudo, ainda não chegamos ao nosso destino. Espero encontrar um
Deus no final da viagem, caso contrário o castigo será dizer que foi tudo em
vão. O mais natural vai ser deixar de existir antes de a nossa viagem terminar.
Diz-me a lógica que o sol vai aumentar de volume, perder a sua massa, esfriar e
transformar-se num buraco negro. Tudo vai morrer, e se não conseguirmos escapar
até lá, tudo terá sido em vão. Onde estamos agora será apenas um lugar escuro e
frio.
Pensar que o universo vai um dia
acabar, seria suficiente para gerar angústia, por isso, entre outros paliativos
existenciais, inventamos o tempo. O tempo só existe no contexto
biológico/psicológico. Einstein afirmava: “Para aqueles de nós que acreditam na
física, esta separação entre passado, presente e futuro é somente uma ilusão.”
É na mente do homem que existe o
passado, o presente e o futuro. É lá que se encontram esses três tempos: o
presente do passado corresponde à memória; o presente do presente corresponde à
intuição; o presente do futuro corresponde à esperança. O tempo vivido é a
expressão do drama da condição humana. A noção de tempo difere entre
pensadores. Para mim é uma ideia tão fácil de definir como o amor.
Contextualizar a realidade é uma necessidade humana. Fazemo-lo para nos
conseguimos referir às coisas. Só assim a realidade adquire algum significado
para nós. Em termos universais, o tempo assume proporções radicalmente
diferentes das que assume em termos individuais e pessoais. Na génese do
universo, cem anos é um suspiro, todavia, na génese de um ser humano, é uma
longa espera onde tudo pode acontecer, inclusivamente dar sentido à nossa
existência.
Graças à física quântica e à
lógica, podemos explicar de forma científica e simples o funcionamento da
realidade. Basta saber que todo universo conhecido é composto por átomos, e os
átomos não são sólidos. Os eletrões orbitam em volta do núcleo mas nunca se
tocam, repelem-se. O que sentimos não são mais que impulsos elétricos que
cruzam o nosso sistema nervoso em direção ao cérebro.
Toda a realidade física tem 3 dimensões e
corresponde ao espaço. Altura, largura e profundidade. São 4 se contarmos o
tempo. Tudo é percebido pelos nossos 5 sentidos, que por sua vez, proporcionam
sinais elétricos interpretados pelos nossos cérebros. Um bom exemplo são as
imagens que vemos no computador, criadas a partir da interpretação de códigos
binários. Como podem meros números criarem digitalmente tudo que vemos? Só é
possível porque a mente humana é programada para reproduzir padrões, a
realidade digital é uma réplica mais ou menos análoga à realidade que chamamos
de física. Sendo assim, podemos afirmar que tudo que ocupa espaço é parte de um
código. Os nossos corpos são um conjunto de códigos. Esse conglomerado de
códigos está contido numa chave biológica chamada ADN, o nosso código genético.
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