quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Espaço do correspondente - Eduardo de Montaigne


Reflexão sobre a Angústia
Parte 1

Tudo aquilo que sou é produto das minhas experiências. Penso que o meu destino foi traçado pelas minhas escolhas e não por uma vontade metafísica. Penso nas coisas que aprendi ao longo da vida e na inutilidade que a maior parte delas teve para mim. Nunca achei que me tornassem num ser humano melhor. Muitos acham que eu derivo do que li e ouvi, na verdade isso é uma completa estupidez, derivo do que vivi e do que senti. 

Decidi tornar-me estudante, se bem me lembro, porque era extremamente curioso e inconformado com o que me diziam acerca da vida. Não queria ser mais um escravo a juntar a todos os outros, queria testar tudo. Tenho que confessar que me senti esmagado pelo conhecimento. Nunca pensei que fosse tão difícil estudar certos conteúdos e ter que engolir cogitações inconsequentes, fundamentadas em cinzas de conhecimentos preconceituosos. Pesquisei, li e ouvi, procurei encontrar respostas em todas as dimensões do conhecimento, infelizmente, não obtive respostas adequadas com nenhuma delas. Penso que as grandes questões, que sempre me atormentaram, ainda me parecem misteriosas. Tentarei trazê-las à luz durante este discurso. 

Começarei pela angústia, afinal é o sentimento dominante na nossa realidade, e parece-me que poucos sabem do que se trata, não deixando todavia de viverem angustiados.

Assim como qualquer cientista experimental recria as condições ideais para efetuar uma experiência, faço por observar a angústia como um objeto, de modo a tentar descobrir em que consiste e o que a origina. Concluo, à primeira vista, que a angústia é uma espécie de lacuna existencial. Nenhum animal além do ser humano sente pena dele próprio. 

Uma das formas de conhecer o que nos é desconhecido é tentar encontrar o seu oposto. Alegria tem tristeza como oposto, assim como infindáveis emoções humanas têm opostos fáceis de identificar, mas qual é o verdadeiro oposto da angústia? Chamemos de angústia à sensação emocional, caracterizada por insegurança, falta de humor, ressentimento, ansiedade, desalento e dor. Na psiquiatria é considerada uma doença.

Arthur Schopenhauer dá-nos uma visão extremamente pessimista. Para ele, viver é necessariamente sofrer. Por mais que se tente conferir algum sentido à vida, na verdade, ela não possui sentido ou finalidade alguma.

Eduardo de Montaigne


(Bhumika Bhatia)

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