Entrevista que obriga a alguma reflexão mas cujo resumo, no meu entendimento será uma espécie de "nem tão ao mar nem tão a terra."
Uma coisa é certa, com a engenharia ministerial actual, com trinta alunos numa sala de aula, quer se queira quer não se queira, este é o caminho que começa a ser seguido e implementado nas salas de aulas deste país:
"Muitos professores queixam-se da indisciplina porque optaram por modelos pedagógicos participativos, que dão muito poder ao aluno. O modelo participativo tem virtudes mas também tem problemas e um deles é incentivar a indisciplina. Se percebermos que a disciplina é central vamos perceber também que o modelo autoritário directivo consegue mais eficazmente impor o silêncio. Mas passou-se de um modelo autoritário da ditadura para uma ditadura da democracia que impôs o modelo participativo. Quem hoje defender o modelo autoritário parece que está a cometer um pecado capital."
Ou seja, possivelmente conseguirá impôr o silêncio em sala de aula e supostamente poderá regular a indisciplina, mas consequentemente, implementa uma prática expositiva centrada exclusivamente na figura do professor. O aluno é meramente um ouvinte não participante no processo ativo de ensino-aprendizagem. Estas práticas, maioritariamente regridem às velhas práticas de ensino. No meu entendimento, esta teoria é profundamente errada. Mas encontra-se cada vez mais em vigor.
No entanto, a entrevista tem pontos positivos que merecem profunda reflexão, como é o caso desta:
A forma como se mexe nos currículos ou se faz as reformas. Tem de haver uma relação directa entre a prática quotidiana de dar aulas e a teorização. A estrutura universitária trata dos problemas do ensino sem saber o que é o ensino. É uma espécie de bloqueio que, se calhar, nem em cem anos vamos resolver. Mas é preciso alguém dizer que o único que pode teorizar e propor políticas a sério é quem conhece a sala de aula.
(Kerry Callen)
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