quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Quando declaramos guerra à Europa?

Artigo de Viriato Soromenho-Marques no DN de ontem

"É o primeiro orçamento em que se consagra a deriva antidemocrática em que a Zona Euro mergulhou. O OE não pode ser modificado, nem melhorado, porque o centro do poder não se encontra no Parlamento nacional. A "discussão" que vai ter lugar será um jogo de sombras, uma simulação.

O Governo vai fingir que o OE é criatura sua e a oposição vai fingir que acredita nisso. De facto, o OE já está determinado. Não só pela troika, que o desenhou ao detalhe, mas também pelas imposições do novo Regulamento (UE) n.º 473/2013. Na verdade, na Europa da austeridade, os orçamentos chegam a Bruxelas antes de chegarem aos representantes eleitos do povo. O artigo 6.º do referido regulamento obriga à sua apresentação, até 15 de outubro, na reunião do Eurogrupo. E o artigo 7.º determina a sua sujeição a parecer da Comissão Europeia (que terá de ser dado até 30 de Novembro) como instrumento de (in)validação do OE. Em vez de transitar dos limites apertados do Estado-Nação para um regime federal, que fortaleceria e alargaria os direitos de cidadania dos europeus, a Europa do diretório e da burocracia de Bruxelas confiscou a soberania das nações numa monstruosa "consolidação de Estados", sem alma nem legitimidade. A proposta orçamental só é do Governo no plano formal."


(The Gran Budapest Hotel - Wes Anderson)

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