4. O triste presente
Chegamos assim à atualidade, e nomeadamente àquilo que se passa no nosso país. Toda a evolução política e económica desde que a humanidade existe chegou ao seu auge. É evidente que o conceito de solidariedade morreu. É evidente que nos iludem com contos de fada. A natureza humana busca poder e riqueza, e isso é incontornável. Muitos de nós sofrem pelos erros e pela ganância e estupidez de outros. Muitos de nós são escravos, muitos são enjeitados, muitos são vítimas, a maioria sobrevive por solidariedade alheia. Alguns são imorais, alguns são corruptos e desonestos, alguns são incompetentes e idiotas, a maioria destes, vive principescamente.
Não há um sistema político ou económico perfeito. Nunca haverá. O máximo a que podemos aspirar é que pessoas individuais, que ocupem cargos de decisão social, sejam menos tentadas pela sede de poder e de riqueza e pelos lobbies, e que sejam cada vez mais morais. Devem pensar prioritariamente na dignidade de todos os cidadãos, independentemente da ideologia política que os move. Não somos porém todos iguais. Quem se esforça mais deve ter mais. Todavia há limites. Quem se esforça mais, por ser mais inteligente, mais afortunado ou mais dedicado, vai eventualmente ter mais do que aquilo que precisa. Solidariedade social não é dar esmola. É permitir que todos possam ter um papel ativo na sociedade. Acima de tudo, todos devem ter acesso ao trabalho. Sem trabalho tudo o resto desmorona. Com trabalho previne-se a miséria e o crime. Criar trabalho, ou seja, integrar todos os cidadãos na sociedade, deve ser a tarefa do estado e dos governos. O governo é um grupo de representantes do povo para solucionar os problemas do povo. Os nossos governos têm sido, e são, grupos de raposas a quem foi pedido para guardar o galinheiro. É neste contexto que devemos apoiar as nossas reflexões e decisões. Já chega de lamentações. A hipnose eleitoral tem que acabar. Se os nossos representantes tivessem um pingo de dedicação, a miséria seria reduzida. Com dois pingos, todos viveríamos em dignidade. Com três pingos, talvez pudéssemos ser felizes. Deve sempre haver combate político e ideológico. No entanto, um fervoroso não às maiorias e um esperançoso sim à maior democracia participativa.
Tudo o resto é ser ovelha. Muitos acham que se o nosso planeta fosse invadido por E.T.´s a espécie humana unir-se-ia numa causa comum. Na verdade, em algumas semanas, os E.T.´s prescindiriam do esforço de luta e venceriam a guerra. Bastaria oferecer alguns benefícios a quem se juntasse a eles, e esses trairiam todos os outros.
Eduardo Montaigne
Parte 1
Parte 2
Parte 3
(Liane Lang)
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