"Colegas, o meu ano letivo já se iniciou e é com enorme tristeza que digo que me sinto totalmente descontextualizada do meio escolar onde trabalho!
As professoras titulares não mostram nem um pouco de compreensão nem compaixão pela nossa situação! Revolta-me que se considere que existem professores de primeira categoria e de segunda categoria, quando existem apenas aqueles a quem foram dadas oportunidades de ingressar e progredir na carreira e aqueles a quem todas as portas são fechadas, como nós.
Trabalhamos anos e anos por um horário reduzido, que nos dava um tempo de serviço reduzido, um salário reduzido e um reconhecimento reduzido, tudo porque perseguíamos o sonho de sermos professores. Em troca, este ano fomos compensados com horários de 5horas, devido à não flexibilização de horários, que nos daria pelo menos 10horas, e ainda temos que ouvir de colegas em topo de carreira que receber 200 euros é melhor do que nada e que temos sorte de ter um horário! Ainda temos de ouvir que quem recusa o horário é porque não precisa e quem reclama de serem poucas horas é porque gosta de viver a vida a reclamar de tudo! Ainda temos que ouvir que os horários são de 5horas, porque o Nuno Crato proibiu a flexibilização, quando sabemos que é mentira!Ainda temos que ouvir que devemos aproveitar as 5horas que temos, porque de futuro as aecs serão todas para os professores dos quadros!
Que tal umas palavras de apoio ou de compreensão, pelo menos?? Por que nos continuam a deitar abaixo, quando já pouca energia temos para estar no projeto das aecs? Por que criticam quem recusa horários, como se não tivessemos o mesmo direito de ter sonhos e projetos de vida, só possíveis com ordenados decentes??
Limito-me a dar a aula e regresso para casa, evitando qualquer tipo de conversa com auxiliares e outros professores. Sinto-me desintegrada do meio escolar.
Gostaria de dizer a todos que as aecs este ano serão um sucesso, mas não prevejo isso. A começar pelo elevado número de colegas que desistiram dos horários e a terminar na desmotivação daqueles que os aceitaram.
Somos todos professores, embora nem todos tenham os mesmo direitos.
Força a todos que tiveram a coragem de aceitar este projeto. Dignifiquem o cargo que vos foi dado."
Autoria do texto da Cláudia Soares retirado do Facebook.
Os sublinhados são da minha autoria.
(Simone Rovellini)
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