A pergunta foi lançada (aqui) pelo ComRegras e referia-se sobre a
incapacidade dos professores contratados reagirem à última medida do governo de declarar os mesmos de “trabalhadores a tempo parcial” a partir deste mês (aqui).
Diria que a
questão é muito mais abrangente do que aparenta pelo que se torna complexa de
responder quanto ao porquê dos professores não serem capazes de reagir quando
existe tanta adversidade contra eles.
Estão obviamente “descrentes”.
Mas, talvez a verdadeira pergunta que se deve fazer é por que é que este sentimento impera? Qual o motivo desta incapacidade?
Muitos destes profissionais
altamente qualificados (muitos com doutoramentos) ou desistiram da profissão ou
encontram-se, ainda hoje (apesar das notícias de promessas de
aposentações em massa) em vias de desistir da profissão. Muitos destes migraram
para outro tipo de empregos ou projectos desde que os mesmos providenciem a
estabilidade nunca encontrada no sistema de ensino (muitos com décadas e décadas
de serviço às costas). Os que permanecem, permanecem agastados e simplesmente vivem de
contrato em contrato.
Sem qualquer identidade institucional enraizada, deslocam-se
pelo país, de escola em escola (às vezes mais do que uma ao ano) ano após ano.
Muitos até pagam para trabalhar. Alguns sem uma boa base de apoio familiar nem
a profissão conseguiriam exercer em pleno. É a realidade e essa mesma realidade, é uma
realidade completamente observada, difundida pelos meios de comunicação mas
totalmente ignorada há décadas por todos os actores institucionais, pela comunidade
educativa e pela sociedade em geral.
A verdade é só uma: o
Ministério da Educação e o sistema escolar precisam destes professores porque:
- são móveis;
- precisam deles para suprir
(como eles tanto gostam de dizer) as “necessidades residuais” que surjam ao longo do ano lectivo;
- são altamente qualificados
ao mesmo tempo que ficam “baratos” e “descartáveis” ao Estado (pois não
usufruem de um vínculo permanente).
Parte II - O Problema
(Rita Lino)
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