Parte II - A derrota
Nuno Crato foi, de facto, quem levou mais longe a destruição da Escola Pública (mais do que os seus antecessores alguma vez imaginariam), até porque, convém lembrar, Crato tinha um trunfo que Maria de Lurdes e outros não tinham: a Troika.
Foi o ministro da educação que mais "enfraqueceu" os professores e os sindicatos, seguindo a receita a partir do ponto que o PS deixara (e que não conseguiu executar na sua plenitude, embora tenha deixado herança). Vejamos:
- Começou por implementar medidas a torto e a direito, algumas das quais deixo serem explicadas aqui para não ser acusado de tendencioso por um conhecido blogger que se apresentava como um autêntico "combatente" e que, curiosamente, fechou o blog logo após a sua nomeação para o CNE;
- Dividir sindicatos. Os sindicatos de professores mostraram-se ineficazes na luta contra a descredibilização da classe docente, sobretudo quando um deles servia de "muleta" governativa para muitas das medidas postas em práctica;
- Dividir professores. A PACC ainda hoje é um autêntico "filão". Mais um ano que se constata a exclusão de professores contratados das listas de graduação e, consequentemente, dos concursos (desta vez até de forma descarada e não como nos anos anteriores, em que foram dissimuladamente segregados por via dos múltiplos concursos). Constata-se que os professores, em geral, e os contratados, em particular, prosseguem na lista negra de Nuno Crato, lista essa bem definida desde o início;
- Poderia também falar nalguns directores "mais zelosos" que se prestaram ao papel do mais triste e do mais fraco de que há memória. A vida pelas escolas foi correndo como se de nada se tratasse. E mesmo que os ameacem eles voltam sempre à mão do dono;
- Reforçar uma "coisa" chamada IAVE e transformar o sistema educativo português numa "examolândia" em crescendo em todas as suas particularidades e feitios;
- Apostar na iniciativa privada a todo o custo, pondo em causa a estabilidade do Ensino Público.
E assim se foi fazendo o caminho de Crato que se serviu da Troika para tudo. Fosse munido pelo apoio governamental (através do célebre e risível, mas posto em práctica, guião de Portas), fosse através dos motivos repetidos em "loop" até à exaustão, apelando ao coração do "contribuinte português", Nuno Crato lá foi traçando a sua rota muito bem alinhada.
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