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quarta-feira, 26 de junho de 2019

Uma visão sobre o trabalho docente - Parte 1


Parte 1- O desafio e a complexidade do trabalho docente sob uma evidente falta de cultura de escola


A maior parte do trabalho docente está tradicional e absolutamente assente no pilar da avaliação e actualmente não se centra apenas em tentar desesperadamente ensinar, mas sim em manter-se à tona (aqui). Esse tradicional ênfase na avaliação consiste em recuperar a maior parte dos alunos que simplesmente não estudam (pelos mais variados motivos e constragimentos), mesmo aqueles que sejam considerados "irrecuperáveis" e, sobretudo, em provar que o professor está a fazer tudo ao seu alcance para os ajudar a ter sucesso na escola e nas aprendizagens.

Tudo isto sucede numa escola com um corpo docente (que por mais envelhecido que esteja) tem que envidar todos os esforços para integrar no processo educativo todos os problemas e complexidades que os alunos trazem com eles para a escola, sejam  de natureza sócio-económica, familiares (divórcios, violência, falecimento de familiar, lares desestruturados) entre muitas outras razões. E o cenário piora ainda mais quando os alunos e os pais não têm uma cultura de escola. Uma cultura em que a família dá relevância à escola e ao papel de transformação social que a mesma deve ter como instituição na formação da cidadania dos seus educandos. Mas também como organização que não pode ser reduzida a "formatadora" de mentes, ou apenas a um ATL, mas sim como o caminho progressivo que deveria conduzir não só ao conhecimento, ao saber ser e ao saber estar, como também ao caminho para a felicidade. É dessa cultura que falo e que infelizmente ainda não existe nas escolas. ~

A escola não pode ser mais um bode expiatório de uma visão afunilada e ideológica que pende entre a saudade de uma escola salazarista e uma escola que só serve para medir e aferir conhecimentos em provas e exames. A escola tem de ser um lugar de afectos e de brincadeira. Integrar no ensino o brincar e o jogo como forma de chegar à experiência e ao conhecimento. O futuro depende das gerações que saibam pensar "fora da caixa" e não daqueles que apenas memorizam, reproduzem e se transformam numa espécie de "cavalos de competição".

O futuro depende de cidadãos solidários e altruístas e não apenas centrados no seu próprio ego. O futuro depende do trabalho em equipa, num mundo global, com conhecimento partilhado, de forma variada e transversal. Os futuros alunos devem saber tomar decisões, ser autênticos "capitães de equipa", saber brincar, relaxar, atuar, tudo em democracia e liberdade. Temos hoje o papel mais difícil de sempre que é o de transformar a escola para que a mesma possa transmitir valores de democracia, liberdade, constituição, mas também de ecologia e desenvolvimento sustentável.  

A escola (como micro-sociedade que é) não deve ser o reflexo das falhas da sociedade presente, mas sim a visão de uma sociedade futura que se pretende basicamente melhor e mais informada que a anterior.



Parte 2 - Avaliação dos alunos que faz "reféns" os docentes (aqui




(Arquillect)

quinta-feira, 6 de junho de 2019

A flexibilidade entra a ritmo galopante pelas escolas adentro...


...mesmo que se desconheça os efeitos da mesma a longo prazo. Noto cada vez com mais apreensão o regresso daquele sentimento do "salve-se quem puder" entre a classe docente que tem que abraçar obrigatoriamente a mudança, sob pena de vir a ser-se acusado de não se querer que a escola mude. De facto, muitos querem abraçar essa mudança mas a desconfiança é a de que esta venha a empurrar os docentes para um pântano e que possam vir a ser (mais uma vez) culpabilizados se tal mudança falhar. 

Isto foi vísivel num passado ainda traumático quando se implementaram reformas como:

- 2006/2007, através da implementação da ADD trazida pela mão de Maria de Lurdes Rodrigues, com os professores titulares e a reformulação da gestão das escolas; 

- durante o governo de Passos/Crato, onde o silêncio dos professores era insurdecedor, os lugares nas escolas desapareciam fruto das reformas impostas e até existiram professores ávidos e disponíveis para vigilância das Provas realizadas pelos seus próprios pares.

No presente, com a implementação da flexibilidade curricular, ainda de forma muito experimental mas igualmente muito obrigatória, os agrupamentos competem entre si, no intuito de ver quem consegue "esticar" mais a flexibilidade. Fica a sensação de que os docentes mais desatentos às mudanças não parecem estar despertos para as consequências e provável "carga de trabalhos" que pode estar à porta de cada pequena mudança que se debate de forma individual, agrupamento a agrupamento, pelo país fora, nomeadamente:

-nos horários dos professores;

- na organização do trabalho docente;

- no que daí pode advir relativamente às aprendizagens dos alunos.

Vejamos: agora o trabalho interdisciplinar (que já existia mas que surge com um novo e pomposo nome - DAC) tem que ser medido, qualificado e comprovado com grelhas e cruzinhas (consoante o "mood" do agrupamento), com subjacente avaliação e gradual progressão individual do discente (quanto mais, melhor). 

Acresce a isto o facto de que, em muitos agrupamentos, se esteja a discutir a possibilidade de o desempenho mínimo exigido (por disciplina) poder cair até 40%, isto é, esta ser a média que o aluno precise de obter para ter sucesso em determinada disciplina no final do ano. Existe, também, o receio de que se abra hipoteticamente a probabilidade para os directores reivindicarem novamente para si (como num passado recente aqui) o poder de seleccionar e recrutar docentes

Tudo isto a um ritmo galopante, sem sequer solucionar os grandes problemas existentes na escola pública e na profissão docente, podendo eventualmente agravar os que já existem, burocratizando  e asfixiando ainda mais o processo de ensino-aprendizagem sem reparar o mal que os currículos ainda hoje escondem. 

Creio que ninguém se oporá ao princípio subjacente à flexibilidade curricular. O problema reside, isso sim, na sua aplicabilidade e nos constragimentos sentidos hoje em dia nas escolas (sobretudo nos agrupamentos mais "papistas que o Papa"). As reformas levam tempo e é necessário que haja condições para que sejam implementadas (o que não parece ser o caso). Claro que isto são só teorias, mas não é preciso ser bruxo para perceber até onde nos levaram as autonomias no passado...

Auxiliar de memória: aqui


(Arquillect)





terça-feira, 21 de maio de 2019

Sugestão de texto para relatório de autoavaliação da ADD para os professores contratados lesados nos descontos da S.S.


Na entrega do relatório de autoavaliação da ADD podem colocar um pequeno texto semelhante a este para demonstrar que o trabalho docente desenvolvido contempla uma componente lectiva e uma componente não lectiva, indissociáveis e ambas essenciais para assegurar em pleno as funções lectivas, o cumprimento do P.A.A. e, de um modo geral, o funcionamento da escola. 


"Apesar de não estar a ser devidamente contabilizada, para efeitos de contribuições para a Segurança Social, a componente não letiva do meu horário como tempo efetivo de prestação de trabalho, não deixei de cumprir escrupulosamente todo o serviço letivo e não letivo necessário para a preparação e organização das atividades letivas e para o processo de avaliação das aprendizagens dos alunos, bem como de participar em todas as reuniões para as quais fui convocado ( indicar quais ), e participar nas atividades do âmbito do Plano Anual de Atividades. Enquanto docente que se encontra exclusivamente ao serviço deste Agrupamento, contesto esta situação, salientando que não me encontro a prestar funções docentes em regime de tempo parcial, dado que celebrei com o Agrupamento um contrato de trabalho em funções públicas a termo resolutivo incerto, tendo desenvolvido a tempo inteiro as atividades do âmbito da componente letiva e não letiva de que este relatório é reflexo nos diferentes parâmetros que contempla."

Auxiliar de memória: aqui


(Doug Wheeler)



quinta-feira, 16 de maio de 2019

Qual foi o pedido mais bizarro solicitado pelo senhor Diretor? Respostas parte I


"A situação mais bizarra foi um processo disciplinar que me foi posto por um diretor por ter feito um jornal de cartoons na escola. A inspeção achou muita piada ao jornal e acabei a jantar uma mariscada em casa do inspector. Já lá vão 32 anos e era o meu 3° ano de docência num local a 300 km de casa... O diretor chamava se Felizardo. 😉 Recordar é viver....." (P.S)



"A situação mais “anormal” foi ser nomeado para vigiar todas as provas da PAAC (antigos exames para colegas contratados), durante 3 dias seguidos. Obviamente que fiz greve à vigilância nos três dias. Jamais me iria prestar a esse papel ridículo de vigiar colegas. Como represália, o Sr. Diretor descontou-me 3 dias completos no vencimento, apesar desses dias também corresponderem a tarefas de avaliação (2° período), inclusive, assinei pautas de avaliação... Claro que, passados dois anos, a ação foi ganha e teve de repor o dinheiro que descontou a mais. Faltaram os juros." (A.M)

"Uma carta registada a mandar-me interromper a licença parental e apresentar-me ao serviço. LOLOLOLOL" (J.F.O)



E vocês? Qual foi o pedido mais bizarro que vos foi solicitado por um diretor?  

Coloquem as vossas histórias ou na caixa de comentários, ou no "livro de reclamações". Vamos partilhar algumas histórias...



(Scorpion Dagger)



sexta-feira, 26 de abril de 2019

Qual foi o pedido mais bizarro solicitado pelo senhor Diretor?


Li, pelas redes sociais, uma professora que mencionava que o diretor do seu agrupamento, entre outras "bizarrias", solicitou à mesma o "pagamento do seu bilhete na viagem de visita de estudo que ia realizar com as turmas do agrupamento", por ser "uma actividade do seu grupo disciplinar". 

Recordo-me também, e aqui deve haver muitas histórias, de uma vez, um director solicitar (aos berros) a um docente, perdão técnico das AEC, para o mesmo, em período de férias (contratado pelo munícipio) estar na escola em período de paragem escolar (não sendo remuneradas essas horas nem pelo agrupamento, nem pelo munícipio). 

Outra história, a de uma professora do quadro, colocada com horário em duas escolas (do mesmo agrupamento), e a secretaria com ordens estritas do director recusou-se a pagar subsídio de deslocação da professora

E vocês? Qual foi o pedido mais bizarro que vos foi solicitado por um diretor?  

Coloquem as vossas histórias ou na caixa de comentários, ou no "livro de reclamações". Vamos partilhar algumas histórias...


(Scorpion Dagger)
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